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As festas juninas e o contexto cristão

As Festas Juninas e sua relação com as Celebrações das Colheitas
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Quando buscamos maior aprofundamento nas tradições* que envolvem os festejos juninos, com certeza, nos deparamos com uma inegável presença de paganismo* envolvendo as origens destes festejos - celebrações relacionadas ao tempo de colheita dos frutos da terra (geralmente no solstício de verão ou inverno, dependendo o hemisfério).
Muito embora este pano de fundo pareça afastar a singularidade destas festas num contexto judaico-cristão, necessitamos olhar de mais perto toda esta questão através da perspectiva das origens das tradições humanas e considerarmos a responsabilidade que temos, como cristãos, de apontarmos para um mundo onde Deus é Senhor de todas as coisas.

Estes festejos possuem origem nas mais antigas celebrações das colheitas, muito comuns em todas as culturas, desde as mais remotas como as mais primitivas.
Desde as primeiras civilizações, após a queda da humanidade, o homem sempre procurou ao longo da construção da sua cultura celebrar este momento, quase mágico, da colheita.  Estes eventos, de alguma maneira, sempre indicavam reverenciar a alguma divindade por esta maravilha - a colheita - que é o fruto abundante que surge da terra. Sempre existiu e existirá esta relação de êxtase diante de uma colheita. A colheita é o desfecho de um longo período de trabalho, suor, reveses, incertezas, que por vezes, levam o homem a buscar no transcendente* uma forma de ajuda e proteção. Este momento, quando ele alcança êxito, é sempre digno de ser comemorado e as suas divindades celebradas por sua cooperação.

Após a queda, com uma espiritualidade comprometida e bem afetada pelas sombras do engano, o homem sempre buscou em seu caminho uma maneira de atribuir uma colheita farta aos deuses - ao transcendente. Ver a semente brotar da terra, crescer e frutificar isto sempre foi visto como maravilhoso pela racionalidade humana. O percurso até este momento sempre foi marcado por muitos imprevistos e situações onde todo um longo e árduo trabalho poderia ser perdido. Assim, cada povo e cultura assumia uma divindade a ser invocada e também celebrada diante deste milagre da provisão que brotava do chão, agradecendo a proteção e a sua bênção adicional ao trabalho humano.Festa da Colheita

Como nunca deixou de existir, em todos os tempos, houve aqueles a quem é concebida a revelação da verdade, do Deus criador e mantenedor da sua criação. O conhecimento do Deus verdadeiro, a estes, os levaram a uma devoção sadia e verdadeira que os fizeram sempre atribuir a gratidão pelas abundantes colheitas ao Criador e verdadeiro Senhor da vida.
No relato bíblico, por ocasião da construção de uma nação modelo, que levasse adiante a vontade do Deus criador e fosse guardiã dos seus valores e intenções para com o homem, também encontramos referência a estas celebrações de colheitas sendo recomendadas pelo próprio Deus como memoriais a Sua provisão.
Hoje, o homem moderno, nascido no contexto da era da ciência (dos transgênicos, dos poderosos agrotóxicos, dos cultivos mecanizados, dos sistemas de irrigação) e ainda do poderoso argumento humanista* onde o homem passa ser um semi deus, celebra as suas ambiciosas colheitas idolatrando cada vez mais as tecnologias de produção e o vasto conhecimento humano para produção de alimentos, bens e serviços. Ele exclui completamente das suas manifestações culturais qualquer menção a dependência e reverência para com o soberano Deus criador e em vez disso, atribui poderes quase divinos a ciência* e a si mesmo. Diante de toda esta realidade, é hora de semearmos no coração dos nossos filhos e da próxima geração as sementes da devoção ao Deus da Criação. Ainda que os recursos e conhecimentos destinados a produção dos alimentos tenham se multiplicado, ainda assim o homem deve a Deus a sua gratidão pela sua cooperação em todo o processo. Ele é a fonte e provisão de toda a vida neste planeta. Ainda que hoje tenhamos o conhecimento dos processos e ciclos de crescimento e desenvolvimento das culturas, não exclui o reconhecimento e os créditos para com o Senhor e mantenedor de todas as coisas.

Agora é a nossa vez, nós que fazemos parte destes que reconhecem o Deus criador e provedor e O reconhecemos com o Deus verdadeiro.  Somos aqueles que O reverenciam por sua graça e favor dispensado a nós através da sua bênção sobre o nosso trabalho e colheitas. É nossa responsabilidade resgatar a alegria da celebração das colheitas e conduzi-la em direção ao altar devido. Na sociedade pós-moderna, nem sempre nossas colheitas dependem de fatores visivelmente independentes da vontade humana como o clima(temperaturas, ventos e chuvas), nem de pragas, nem de saques, entre tantos outros fatores presentes nas culturas predominantemente agrícolas. De qualquer forma, ainda comemos e dependemos dos alimentos do solo, ainda tomamos leite e apreciamos as frutas e verduras. Mas ... existem muitas outras coisas a serem cultivadas ... e que igualmente àquelas, necessitam da  boa mão de Deus fazendo-as prosperar. Podemos até ter experiência naquilo que fazemos e possuirmos recursos suficientes, mas, ainda assim, dependemos da bênção de Deus para que o alimento chegue à mesa das nossas casas. Ele ainda é o Deus da providência. A Ele seja a glória!

Assim, creio que este período do ano é muito favorável a, aproveitando o gancho cultural, podemos direcionar as nossas celebrações de colheitas ao Deus da providência. Celebrarmos a sua boa mão sobre nós. Contarmos as suas maravilhavas e nos alegrarmos pelas bênçãos sobre nossas colheitas. Precisamos contar as próximas gerações a verdade sobre isto. A verdade é uma realidade onde Deus é o Senhor de todas as coisas.

Textos bíblicos de referência:
"Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu."  Romanos 1:21 (ver mais em Rm 1:19-25)

"O que ouvimos e aprendemos, o que nossos pais nos contaram. Não os esconderemos dos nossos filhos; contaremos à próxima geração os louváveis feitos do Senhor, o seu poder e as maravilhas que fez." Salmos 78:3-4

"E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus."   Romanos 12:2

Definições importantes:
*tradição: ato ou efeito de transmitir ou entregar; transferência 2. comunicação oral de fatos, lendas, ritos, usos, costumes etc. de geração para geração 3. herança cultural, legado de crenças, técnicas etc. de uma geração para outra  4. conjunto dos valores morais, espirituais etc., transmitidos de geração em geração.

*paganismo: ausência de Deus(Deus criador) na realidade. Aquilo que está fora de uma realidade com Deus.

*ciência: aqui abordada como resultado de uma concepção filosófica de matriz positivista que afirma a superioridade da ciência sobre todas as outras formas de compreensão humana da realidade (religião, filosofia metafísica etc.), por ser a única capaz de apresentar benefícios práticos e alcançar autêntico rigor cognitivo. (cientificismo)

*humanista: argumento e posição onde o homem é o padrão de todas as coisas.

*transcendente: Fora do alcance da ação ou do conhecimento. Que transcende a natureza física das coisas; metafísico; que está acima das ideias e dos conhecimentos ordinários.

 

Veja mais: Festas Juninas na Escola Cristã

 

 

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Rubens Cartaxo


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